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A Expressão na Consciência Natural - por Ramy Arany

“Na consciência natural tudo se expressa pela naturalidade do ‘ser’, pois o vento ‘é’ vento, por isto venta; o calor ‘é’ calor, por isto aquece; a chuva ‘é’ chuva, por isto chove; a luz ‘é’ luz, por isto ilumina. Porém, não é sobre a redundância gramatical, nem sobre a obviedade deste entendimento que me encontro falando, e sim, sobre a profundidade da naturalidade do ser, que permite que a expressão se manifeste em extensão àquilo que realmente ‘é’ em essência.” (Ramy Arany – Visão Gestadora, a visão em teia – p.30)

terça-feira, 16 de abril de 2013

Dia Nacional da Voz

Por Cinthia Almeida
Psicóloga, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, Professora-terapeuta para o Desenvolvimento da Capacidade de Expressão, Professora de Canto Natural, Atriz, Cantora e Compositora.  cantonatural@ig.com.br




O que a Voz pode mostrar

A voz de uma pessoa reflete sua personalidade, seus pensamentos, emoções e sentimentos. Na área profissional, a voz expressa tudo o que na pessoa está envolvido com o trabalho que realiza: prazer ou desprazer, domínio ou insegurança em relação às tarefas e à própria escolha profissional, assertividade ou contestação, equilíbrio ou desequilíbrio emocional, senso de humor, flexibilidade ou rigidez cognitiva e emocional, dentre outros. Profissionalmente, a maneira como uma pessoa se expressa por meio de sua voz é essencial para a construção tanto de seu desempenho técnico como de seu bom relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho.

O Papel da entonação no discurso

Há dois principais componentes em um discurso: conteúdo e forma. O conteúdo são as ideias que se deseja transmitir no discurso. Já, a entonação diz respeito à forma, ao “como” se fala. A entonação é a música da fala.
A entonação modula as tonalidades da voz de acordo com o conteúdo para transmitir as ideias de forma mais ampla, precisa e afetiva. É a entonação que deixa claro uma pergunta ou uma exclamação, ou se uma ideia está sendo destacada, propõe reflexão, desperta atenção, transmite segurança e constrói uma imagem para o ouvinte.
O primeiro e mais essencial cuidado que se deve ter ao entonar um discurso é envolver-se intelectualmente e emocionalmente com o que se pretende falar. Dessa maneira, a voz seguirá esta partitura interna. A partir disso, é necessário sintonizar com as pessoas para quem o discurso se dirige, assim como o ambiente físico onde será realizado. Ter claro em mente que a função principal do discurso é comunicar, tornar comum. E, para isso, é necessário se manter conectado com os ouvintes. Da mesma maneira, se vai falar numa sala pequena, para poucas pessoas, o volume da voz deve ser coerente. Assim como se o discurso será para um grande público, com um microfone, deve-se observar a regulação da voz de forma que não se torne desconfortável para os ouvintes, pois o microfone já a estará amplificando.
Ao tomar estes cuidados, boa parte do sucesso é garantida. Quanto mais envolvimento se tiver com as ideias que se quer transmitir, mais verdadeiro e envolvente será o discurso.

Alguns caminhos de desenvolvimento

Há cursos de oratória, terapias psicológicas, teatro, dentre outros caminhos. De qualquer maneira, é preciso trabalhar. O caminho escolhido dependerá da compreensão que a pessoa tiver a respeito da voz e da ação de falar em público. Poderá escolher trabalhos mais técnicos e voltados a desenvolver a forma ou caminhos que propiciem autoconhecimento e construção de seu talento.
De acordo com a Terapia Cognitivo Comportamental, desenvolvida por Aaron T. Beck, a maneira como se pensa determina as emoções e o comportamento. A partir deste pressuposto aliado à compreensão da voz como extensão da pessoa, é fundamental que se identifique as crenças e pensamentos disfuncionais relativos à própria voz e às situações de exposição por meio da fala. E, simultaneamente, avaliar as características, qualidades e deficiências vocais apresentadas. Este tipo de trabalho tem como objetivo instrumentalizar a pessoa interessada em melhorar sua capacidade de oratória de forma que realize um trabalho consciente, amplo, aprofundado e duradouro.

Cuidados com a Voz

É comum que seja dado valor à voz especialmente nos momentos em que esta se encontra prejudicada, como durante uma gripe muito forte, após um período prolongado de tosse ou quando se perdeu a voz devido a abusos (gritos, cigarro, álcool e outras drogas). Portanto, deve-se cuidar continuamente da voz. Isso significa cuidar de si mesmo. Alguns cuidados, são:
      - Dormir bem;
      - Ter uma alimentação equilibrada;
      - Ingerir água com frequência durante o dia. E, quando estiver falando durante um tempo mais extenso, ter água à disposição para dar pequenos goles, mantendo a hidratação do aparelho fonatório;
      - Procurar expressar, de alguma maneira, seus pensamentos e sentimentos (caso não seja possível falar, pode-se escrever, pintar, dançar, cantar);
      - Em especial, antes de uma situação em que vai trabalhar prolongadamente com a voz, pode-se comer maçã. Ajuda a “limpar” as pregas vocais, é um adstringente;
      - Evitar chocolate e outros derivados de leite, principalmente antes de uma apresentação, pois aumentam a produção de muco e podem provocar a necessidade de pigarrear;
      - Evitar gritar. Toda vez que se grita, as pregas vocais se chocam violentamente uma contra a outra e, com frequência, acabam desenvolvendo os chamados “calos”. Note que o grito invariavelmente é carregado emocionalmente, seja de emoções “positivas” (como o grito do torcedor de futebol) ou de emoções “negativas” (como raiva, indignação, tristeza profunda, etc.);
      - Ingerir alimentos líquidos ou sólidos em temperatura amena, nem muito quente nem muito fria. Evita-se choque térmico, produção excessiva de muco ou lesões;
      - Evite o quanto possível ambientes com ar condicionado. Caso seja inviável, procure se proteger ao menos das mudanças bruscas de temperatura por meio de agasalhos;
      - Use roupas confortáveis;
      - Procure respirar bem, permitindo que seu diafragma se movimente livremente.

     




quarta-feira, 27 de junho de 2012

Uma Maneira Pitoresca de Matar...


Por Cinthia Almeida

cartaz do filme Como Estrelas na Terra

O poder devastador do grito está no ar. Semana passada, postei no blog a história oriental “Pra que Gritar?” e, nesta semana, acabo de assistir ao excelente filme “Taare Zameen Par”  – “Como Estrelas na Terra”, em português, do diretor Aamir Khan, indicado por um querido amigo. Um dos melhores filmes que já vi! O filme é profundo, sensível e verdadeiro ao contar a história de um menino muito inteligente que sofre com as dificuldades de aprendizagem da leitura e escrita. O garoto sofre com a incompreensão dos professores, colegas e de sua família. Até que seu pai o manda para estudar em um colégio interno como forma de “colocá-lo na linha”. O menino sente-se abandonado, sozinho e pressionado novamente e com maior intensidade ainda a responder às demandas padronizadas de ensino-aprendizagem. Felizmente, um professor substituto da disciplina de Artes, cuja visão é além, se interessa pelo garoto e por seu visível sofrimento e identifica a origem dos problemas de aprendizagem da leitura e da escrita como sendo Dislexia. No filme, há uma passagem em que o professor de Artes a fim de orientar o pai do menino, lhe fala sobre uma prática que nativos das ilhas Salomão, no Pacífico Sul, utilizam para cortar árvores quando querem abrir novas áreas para plantio em meio à floresta. A fala do professor é a seguinte:

“Nas Ilhas de Salomão, quando os nativos querem parte da floresta para a agricultura, eles não cortam as árvores. Eles simplesmente se juntam ao redor delas, gritam xingamentos e dizem coisas ruins. Em alguns dias a árvore seca e morre. Ela morre sozinha.”

Pesquisei na internet e encontrei apenas referências ao próprio filme em relação a esta informação. Mas, de qualquer forma faz todo sentido. Lembrei-me da pesquisa do cientista Masaru Emoto, japonês, sobre o potencial da água em gravar frequências sonoras e de pensamento em seus cristais. De como os cristais se modificam em sua forma e grau de transparência conforme a qualidade das vibrações.

Agora, algo que não foi dito e que é essencial: quem mata, morre também. Talvez mais lentamente... Ramy Arany e Ramy Shanaytá, fundadores do Instituto KVT, ensinam que quando somos cuidando de alguém, por exemplo, seja com uma orientação ou com toques corporais de afeto, vitalização etc., a primeira pessoa que é recebendo somos nós mesmos. Só ofertamos e expressamos aquilo que é conosco.


quarta-feira, 20 de junho de 2012

Gritar para ser ouvido. Que ironia!


Para que Gritar?

Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos:
“Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?”
“Gritamos porque perdemos a calma”, disse um deles.

“Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?”, questionou novamente o pensador.
“Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça”, retrucou outro discípulo.
E o mestre volta a perguntar:
“Então não é possível falar-lhe em voz baixa?”
Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.
Então ele esclareceu:
“Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecido?”
O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito.
Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente.
Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um ao outro, através da grande distância.
Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas?
Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê?
Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena.
Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem falam, somente sussurram.
E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta.
Seus corações se entendem.
É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.
Por fim, o pensador conclui, dizendo:
“Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta”.

Com esta história começamos a conversar aqui no blog sobre a expressão vocal. Aguardem!


Cinthia.

Expressando consideração e reconhecimento


Por Cinthia Almeida

Penso que a maioria das pessoas aprecia quando quem se dirige a elas as chama pelo nome. Então, se para você também é importante que as pessoas saibam que as respeita e as considera, expresse este valor chamando-as pelo nome. Esta é uma dica básica que já vai melhorar sua expressão. E, se você tem dificuldades em memorizar, exercite sua memória para nomes primeiro afirmando para si mesmo a importância disto, colocando este aprendizado como foco de trabalho e perguntando novamente o nome da pessoa a ela ou a algum conhecido em comum antes de iniciar ou continuar uma conversa. Experimente fazer isso e me conte os resultados!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Quando a Expressão é Verdadeira Comunicação

Por Cinthia Almeida

A forma do nosso corpo, a sonoridade de nossa voz, a maneira como nos vestimos, as palavras que escolhemos falar, a cor dos nossos olhos, as nossas roupas, a maneira como respiramos e qualquer outra característica ou parte de nós expressa e comunica quem nós somos e/ou como estamos no momento. Então, existe diferença entre expressar e comunicar?
Em essência, observo que não. Em essência a expressão é a própria comunicação. No entanto, quando nós, seres humanos (que pensamos, sentimos, imaginamos e somos frequentemente gestando conflitos e desequilíbrios de toda ordem) apenas nos expressamos sem o foco de comunicar, tornar comum verdadeiramente, ocorrem desastres.


Expressar é algo que fazemos o tempo todo, sem que precisemos pensar nisso. Aliás, é provável que a maior parte de nossa expressão seja inconsciente. Muitas vezes, só percebemos que estamos irritados, quando alguém comenta conosco: “- O que aconteceu? Você está irritado (a)?”.
Quando a expressão ocorre sem o foco da comunicação, essa expressão tende a ser reativa, fragmentada e egoísta. Há uma grande diferença entre expressar um sentimento, uma emoção ou um pensamento e comunicar. Quando expressamos com o sentido da comunicação, nós necessariamente nos interessamos pelo outro. E quando meramente expressamos com o foco somente em nós mesmos e na necessidade de colocar para fora algo, não construímos a comunicação e provocamos no outro uma reação superficial ao que expressamos.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A Partitura da Fala

Por Cinthia Almeida

A palavra “partitura” é relacionada à música e é um dos nomes dados à disposição gráfica das diversas partes que formam uma obra musical, segundo o dicionário. É por meio da partitura que os diversos instrumentistas podem executar uma mesma música. Na partitura estão escritas as partes que cada músico deve tocar. Há sinais ou códigos que comunicam: notas, ritmo, andamento, pausas, duração de cada nota, tonalidade da música etc.
Relacionando a fala à música, observaremos que a fala também pode ser expressa em uma espécie de partitura. Pois a fala é uma música, um canto. E quanto mais cantada, será mais profunda, rica em nuances, movimentos e sentimentos. A música da fala é a sua alma. Mais do que nas palavras que falamos, a musicalidade é dada pela maneira como falamos: o ritmo, as pausas, as mudanças de tom (melodia), a tonalidade (mais grave ou agudo), a intensidade (volume), a ressonância da voz etc. É essa musicalidade que expressa e comunica mais intensa e profundamente o que falamos. E a fala pode ser mais rica ou pobre musicalmente.
Fernanda Montenegro, atriz brasileira.
Então, podemos escrever a partitura da fala de alguém que ouvimos ou, ainda, dar vida a uma fala escrita. Isso é o que fazem tão bem os atores, quanto mais talentosos forem em ler a partitura de um texto. Afinal, uma vírgula pode mudar tudo!